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E pediu o seu ingresso.
Disse: - Eu quero entrar!
Fui prefeito de sucesso,
A todos os eleitores
Fiz todos os favores.
Abra a porta, te peço!
São Pedro disse assim:
- Olhe, Francisco Cristino,
A coisa não é assim, não!
Vá cumprir o seu destino,
Tem uma pena a pagar,
E agora não pode entrar
Neste sagrado recinto!
- Então qual é o problema?
Juro que isso não sabia!
Abra a porta, caro santo,
Tu és apenas o vigia!
Fui prefeito no sertão,
Agradei o meu povão
E rezava todo dia!
- Tenha calma, senhor Chico!
Respeite a autoridade,
Tenha mais educação,
Peça-me com humildade,
Pois aqui não há prefeito,
Favor, peça com mais jeito,
Deixe a popularidade!
- Se foi um bom homem público,
Se foi ótimo prefeito,
Vejo o que posso fazer,
Talvez daremos um jeito.
Mas se maltratou o povo,
Se foi aquele estorvo,
Aqui eu não lhe aceito!
- Quem manda não é você!
Vá falar com seu patrão.
Diga que é o Chico da Bomba,
O homem arrasta-povão,
Se não, chamo a minha gente,
Arregaço este batente,
Boto tudo aqui no chão!
- Você acha que pode tudo?!
Lá na terra, até podia!
Porém aqui não se engane,
Tem a ordem todo dia.
Chame quem você quiser,
Não abro, não lhe dou fé,
Assim não dou garantia!
- Ô São Pedro, o que é?!
Ora, é um ex-prefeito!
Deus disse: - O que ele quer?
- Quer entrar de qualquer jeito!
Não conhece o seu lugar,
O portão ele quer quebrar,
Dizendo que é prefeito!
- Senhor, então o que fazer?
Disse Deus: - Vamos julgar.
Aqui não é prefeitura,
Aqui é outro lugar.
Peça que tenha paciência,
Peça que tenha prudência,
Seu caso vou estudar!
Quando Deus abriu o livro,
Estava tudo anotado,
Estava tudo escrito,
Selado e carimbado.
Deus logo reconheceu:
Prefeito assim não nasceu,
E então foi perdoado!
E disse: - Chico, homem bom,
Sei dos seus pecados,
De você ouvi muito falar.
Mas tenho um recado:
Foi um chefe trabalhador,
Um homem empreendedor,
Merece ser agraciado!
No livro do julgamento
Tá o que realizou,
O que é bom e o que mal,
Tudo o livro registrou.
Todas aquelas fraquezas,
As suas ações benfazejas,
Vi que ao povo agradou!
Disse São Pedro: - Pois entre!
Agora sei da verdade!
Ninguém vem sem julgamento,
Sei que fez a caridade.
Mesmo sendo pecador,
Tinha fé com muito ardor
E muito fez à cidade!
- Fez muito por Ubaúna,
Aroeira e Araquém.
Governou com muita fibra,
Fazia sem olhar a quem.
Elegeu seu sucessor,
Foi um grande vencedor,
A ti o povo queria bem!
De todas as suas obras,
Falo da mais importante,
Cito a água da Cagece,
É o livro que garante!
Abro-te a porta pra entrar,
Foi o melhor do lugar,
Foi prefeito atuante!
Entre no jardim eterno,
Viva na paz e no amor,
A vida agora é outra,
Sinta a luz do Criador.
Esqueça a sua velha Palma,
Agora mantenha a calma,
Seja um servo do Senhor!
* Davi Portela é professor em Coreaú
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